Uma ingestão insuficiente de alimentos com um bom teor de fibras tem influência na digestão e no trânsito. A maioria dos frutos e legumes, cereais e leguminosas contém fibras alimentares solúveis e insolúveis. Por isso, recomenda-se que enriqueça e diversifique as suas ementas. A ANSES * recomenda o consumo de 25 g de fibras por dia. Para o seu conforto intestinal e saúde em geral, as ementas devem incluir uma porção diária de alimentos ricos em amido, integrais ou semi-integrais, e leguminosas (lentilhas, feijão, grão-de-bico, etc.), no mínimo, duas vezes por semana, para substituir as proteínas animais (carne, peixe, ovos), que, em geral, são consumidas em excesso.
Ao contrário do que se pensa, consumir diariamente alimentos ricos em amido à base de cereais não engorda e promove o correto funcionamento do sistema digestivo. Contanto que se privilegie os alimentos ricos em amido, integrais ou semi-integrais, fontes de fibras alimentares insolúveis, os efeitos indesejáveis, como o inchaço, desaparecem rapidamente.
Este tipo de fibras, ditas insolúveis (FI), é constituído por lenhina e celulose, moléculas que não se degradam durante o processo de digestão. Em contacto com a água, incham, o que facilita o trânsito intestinal (efeito expansor) e melhora a sensação de saciedade. Além disso, conseguem armazenar matérias gordas, razão por que têm uma ação redutora do colesterol.
Alimentos ricos em fibras insolúveis: pão integral, produtos à base de cereais, arroz integral, farelo de trigo, farinha integral e não farinha branca
As frutas e os legumes, os rizomas como a batata e as raízes (cenoura crua, beterraba, nabo, etc.), as leguminosas e as algas são alimentos ricos em fibras solúveis.
Estas fibras (FS) incluem a mucilagem, as pectinas e as gomas parcialmente digeridas. Durante o transporte no sistema digestivo, as fibras solúveis entram em contacto com os líquidos para formar um gel suave para os intestinos e que regula o trânsito intestinal. Participam na manutenção da microbiota graças à sua função prebiótica. Na realidade, constituem um alimento que é bem-vindo para as bactérias do cólon, incluindo os lactobacilos e bifidobactérias que participam na regeneração e reparação da mucosa. Além disso, são aliados eficazes para a regulação do trânsito intestinal.
Apenas os alimentos de origem vegetal proporcionam fibras. Os seus benefícios são importantes para a digestão, a glicemia, a saciedade e o metabolismo glucídico.
A maioria dos alimentos contém glúcidos. Durante a digestão, estes aumentam a glicemia no sangue. Quanto mais simples forem os glúcidos (designados por rápidos), como o açúcar branco, maior será o pico de glicemia no sangue. Um pico de glicemia no sangue significa uma secreção de insulina rápida e importante, mas também uma queda igualmente rápida dos níveis de açúcar no sangue. Esta série de reações biológicas promove a hipoglicemia reativa.
O índice glicémico (IG) é uma medida da capacidade insulínica de um alimento. Por outras palavras, a capacidade dos nutrientes deste alimento para estimular a produção de insulina. Assim, permite um melhor controlo da glicemia.
As fibras sobem de forma muito moderada a glicemia no sangue. Além disso, um alimento que contenha açúcar e fibras terá um índice glicémico inferior ao de um alimento sem fibras. Vários estudos apontaram os seus efeitos no metabolismo glucídico.
Alimento | Índice glicémico |
Açúcar branco (0 fibras) | 100 |
Figos secos (fibras +) | 40 |
Frutos oleaginosos (fibras +++) | 15 |
Regulação do trânsito intestinal
As fibras absorvem entre 3 e 25 vezes o seu peso em água. Por conseguinte, aumentam o volume das fezes e facilitam a sua deslocação nos intestinos. No final, o trânsito intestinal fica mais bem regulado. Na condição de ter uma hidratação suficiente (1,5 litros por dia).
Regulação do apetite
Uma refeição composta de alimentos ricos em fibras dará uma sensação de satisfação, ao passo que uma refeição pobre em fibras poderá nunca acabar, porque é mais difícil de se obter a saciedade.
* Agência Nacional para a Saúde e Segurança Alimentar, Ambiental e Ocupacional.
1 Wendy J Dahl all., Health Benefits of Fiber Fermentation, 2017