A realização de um tratamento com antibiótico pode resultar em perturbações intestinais... Isto acontece devido a uma microbiota intestinal desequilibrada pela substância prescrita. De que forma restabelecer o equilíbrio?
Os antibióticos que são habitualmente receitados para tratar doenças não graves visam eliminar as bactérias nocivas. Tanto quanto possível, a prescrição tenta atingir o germe responsável pela doença. Por isso, existem antibióticos com um mecanismo de ação mais ou menos amplo, são os designados antibióticos de largo espetro e que visam tanto as bactérias más como algumas das bactérias protetoras. Nenhum deles poupa as floras comensais que veem diminuir a diversidade e o número de bactérias que as constituem. Ora, os efeitos deste desequilíbrio podem manter-se durante vários anos, embora as consequências destas alterações ainda não tenham sido estabelecidas (1).
Não peça ao seu médico antibióticos para curar uma simples constipação, porque estes são eficazes apenas contra infeções bacterianas e não virais. Além disso, a administração de antibióticos pode provocar o aparecimento de bactérias resistentes, o que não facilitará o trabalho do sistema imunitário.
Podem ser adotadas várias estratégias: o cumprimento rigoroso da prescrição e da duração da administração, o horário da toma dos antibióticos de acordo com as refeições, a adaptação da alimentação com a introdução de alimentos ricos em microrganismos, a ingestão de pré e probióticos.
Com vista a reduzir os incómodos durante e após a toma de antibióticos, tenha cuidado com a sua alimentação:
É preferível consumir os suplementos alimentares probióticos desde o início do tratamento com antibióticos e durante vários dias após o tratamento.
Em contrapartida, é preferível não proceder à sua ingestão ao mesmo tempo. O efeito bactericida do antibiótico pode destruir as bactérias probióticas. Assim, o probiótico deve ser tomado preferencialmente a uma certa distância da absorção do antibiótico (mínimo de 2 horas), com ou sem uma refeição.
Os probióticos tratam-se de “microrganismos vivos que, se forem administrados em quantidades corretas, beneficiam a saúde do hospedeiro” (2). No presente, estão mais frequentemente associados à prescrição de antibióticos. As estirpes probióticas mais importantes são o Lactobacillus rhamnosus GG, Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus plantarum. Quando estiverem presentes em quantidades suficientes, a sua função é promover a diversidade da microbiota intestinal.
Os probióticos em suplementos alimentares devem ir ao encontro de certos critérios, entre os quais, a tolerância à acidez gástrica e aos sais biliares, para que as bactérias sobrevivam até chegarem ao intestino. Depois de chegarem ao destino, diz-se que certas bactérias são revivificáveis, ou seja, que recuperam vida em contacto com o trânsito intestinal. É possível enriquecer os probióticos com micronutrientes, como a vitamina B3, para, por exemplo, manter as mucosas saudáveis. Recomenda-se que escolha um produto que contenha, pelo menos, 7 mil milhões de bactérias por cápsula.
Referências bibliográficas
1. Van Zyl, K. N., Matukane, S. R., Hamman, B. L., Whitelaw, A. C., & Newton-Foot, M. (2021). The effect of antibiotics on the human microbiome: a systematic review. International journal of antimicrobial agents, 106502.
2. Hill, C., Guarner, F., Reid, G. et al. The International Scientific Association for Probiotics and Prebiotics consensus statement on the scope and appropriate use of the term probiotic. Nat Rev Gastroenterol Hepatol 11, 506–514 (2014)