A saúde em geral depende de múltiplos equilíbrios, também designados por homeostase. Podem ser metabólicos, hormonais ou emocionais... O organismo está constantemente a ajustá-los. O equilíbrio ácido-base é um dos principais e aquele que mais depende do estilo de vida, da alimentação e do meio ambiente.
Qualquer solução ou meio químico é ácido, básico ou neutro, dependendo da concentração de iões de hidrogénio que nele circulam. O índice pondus Hydrogenium, ou potencial de hidrogénio (pH), cuja escala varia de 0 (muito ácido) a 14 (muito básico ou alcalino), permite determinar o estado ácido, básico ou neutro de uma solução. Cada tecido ou órgão do corpo humano, enquanto entidade química, tem um pH próprio, que deve ser mantido para o seu bom funcionamento. Manter este equilíbrio implica ser capaz de regular os ácidos através dos pulmões, dos rins ou dos sistemas tampão.
Com um pH que varia entre 7,36 e 7,42, o sangue tem de assegurar uma função vital: transportar o oxigénio a todas as células. Todo o organismo se mobiliza para manter essas boas medidas, embora o metabolismo produza permanentemente compostos ácidos e, em menor grau, compostos básicos. A acidose sanguínea é muito rara (pH inferior a 7,36) e, na maioria das vezes, resulta em patologias graves. Em contrapartida, a acidose metabólica latente (AML) não é mensurável, uma vez que não altera as constantes sanguíneas. É invisível? Não será bem assim. Manter a neutralidade a todo custo leva a uma desaceleração da atividade enzimática normal. O transporte de oxigénio e a nutrição celular são menos eficientes, levando até à exaustão celular.
O estilo de vida e a alimentação são os principais produtores de ácidos. A maioria dos ácidos provém do metabolismo dos hidratos de carbono (glúcidos) e dos ácidos gordos. O catabolismo (degradação dos nutrientes) de certos aminoácidos, incluindo os aminoácidos sulfurados, também produz ácidos. Em contrapartida, o produto metabólico destes compostos não pode ser expirado e é excretado pelos rins ou neutralizado parcial ou completamente pelos sistemas tampão.
Os sistemas tampão retêm o excesso de iões de hidrogénio, fontes de acidez, a fim de manterem o pH dentro de uma escala de valores fisiológicos. Os órgãos e tecidos têm sistemas tampão adaptados às suas necessidades: o sistema tampão mais importante para o sangue é o ácido carbónico e o ião bicarbonato; o dos ossos é o ião fosfato, etc.
Os pulmões, principalmente, mas também os rins. Tudo depende da natureza dos ácidos a eliminar.
Os pulmões participam em 90% do processo de desacidificação do organismo, e daí a necessidade de preservar o seu sistema respiratório. Rejeitam os ácidos orgânicos fracos: ácidos cítrico, oxálico ou pirúvico, provenientes da degradação das proteínas vegetais.
Os rins libertam outros ácidos, sob a forma de sais não voláteis, provenientes da degradação das proteínas animais, principalmente sais minerais fortes: ácidos fosfórico, sulfúrico e úrico.
Um terreno ácido caracteriza-se pela dificuldade do organismo em neutralizar o excesso de ácidos fornecidos pela alimentação e/ou gerados pelo metabolismo celular. Esta dificuldade está associada à superação dos sistemas tampão. Se essa situação se mantiver, o organismo desenvolve processos de compensação, que podem alterar o equilíbrio fisiológico e levar a uma "pilhagem tecidular" dos minerais alcalinos, para neutralizar esses ácidos em excesso.
Quando as reservas minerais em circulação já não são suficientes, os sistemas tampão irão retirá-las dos ossos, em detrimento da sua solidez futura.
São muitos os fatores acidificantes, mas alguns podem ser facilmente retificados. É o caso da alimentação, de saber gerir a ingestão de micronutrientes de compostos básicos,
Até agora, nunca existiu qualquer análise médica capaz de medir diretamente a acidose metabólica latente. Determinados sinais podem deixar antever que as reservas minerais estão esgotadas. As carências em vitaminas do complexo B e em oligoelementos podem, além disso, alterar a eficácia das reações enzimáticas e, por conseguinte, fazer com que o organismo entre num círculo vicioso: menos bem equipado, o organismo perde a sua capacidade para metabolizar os resíduos ácidos e, pouco a pouco, vai ficando cada vez mais entupido.
Numa primeira fase, o organismo fica "entupido" de resíduos ácidos, devido à sua impossibilidade de os expelir; porém, a médio prazo, os sinais desse entupimento vão regredindo.
A acumulação crónica de resíduos ácidos tem como consequência um aumento do consumo de fosfato de cálcio dos ossos. O cálcio tende a "solubilizar-se" para neutralizar o excesso de ácidos. Como resultado, as reservas ósseas, por sua vez, esgotam-se. Quais são então os sinais de uma desmineralização?
A mudança do regime alimentar é uma das primeiras ferramentas com que qualquer pessoa pode intervir rápida e eficazmente. Encontre os nossos conselhos para uma alimentação favorável ao equilíbrio ácido-base. É claro que os tratamentos fitossanitários também são responsáveis pela acidificação. Por conseguinte, optar por uma alimentação biológica é uma necessidade.
A oxigenação favorece claramente a desacidificação dos tecidos. O sedentarismo está na origem da falta de oxigenação. Uma atividade física moderada, como uma caminhada diária a passo ligeiro, favorece a eliminação pulmonar dos ácidos voláteis e estimula o conjunto dos emunctórios. Por outro lado, uma atividade física intensa gera uma quantidade significativa de ácido láctico.
As artes da respiração em geral (yoga, meditação, qi gon, etc.) permitem adquirir ciclos ventilatórios mais eficientes (inspiração/expiração) e um melhor controlo do stress, suscetível de acentuar a acidificação dos tecidos, através da produção de cortisol e de outros compostos.
A qualidade do ar que respiramos pode contribuir para a acidificação do meio fisiológico. Também é útil tomar algumas precauções, tais como: o arejamento frequente da casa para afastar os poluentes domésticos, deixar de fumar, caminhar ou fazer exercícios de esforço moderado em espaços naturais, afastados das cidades e das zonas industriais.
Existem muitas soluções para ajudar o organismo a recuperar o equilíbrio ácido-base. São simples de aplicar, mas devem ser mantidas para que possam resultar.