Pode parecer ridículo alterar a alimentação para dormir melhor! E, no entanto, poderá desse modo promover um retorno a ritmos de sono mais regulares, mas também tornar o seu sono mais reparador. Além disso, uma alimentação equilibrada pode limitar o aumento do peso, muitas vezes associado à privação de sono.
Certos alimentos ajudam a regular o sono. Fornecem triptofano, um aminoácido essencial, necessário para a síntese da serotonina e responsável pela secreção da melatonina, a hormona dita do sono. Esses alimentos, quando consumidos à noite, podem induzir o sono.
Por outro lado, um consumo excessivo de produtos ricos em gordura ou açúcares, em especial à noite, acentua a sensibilidade do organismo à orexina (ou hipocretina), uma hormona que estimula o estado de vigília e contribui para o desejo de comer. Além disso, esses alimentos podem desencadear processos digestivos que mantêm o sistema nervoso alerta, provocando um sono instável.
O relógio interno, ou o ritmo circadiano, é um ritmo biológico de 24 horas, que influencia não só os nossos ciclos sono-vigília, mas também os nossos ciclos de fome. Uma alimentação alinhada com este ritmo será mais conveniente para o organismo e irá facilitar a regulação dos ciclos biológicos.
Assim sendo, a hora das refeições, o momento em que consome os alimentos, é um fator a ter em conta. Adotar horários regulares para as suas refeições limita a necessidade de comer entre as refeições e transmite sinais positivos ao organismo.
Fazer jejum matinal não é necessariamente uma boa ideia. O desempenho mental, o estado de alerta e o tempo de reação podem ser afetados pela falta de “combustível”! E, por vezes, a consequência é um abrandamento do ritmo, ou seja, uma hipoglicémia. Levantar-se a tempo de comer garante um dia com serenidade. O organismo é assim informado de que a fase do despertar já acabou!
Certifique-se de que não contém demasiada gordura nem é demasiado nutritivo, para não provocar sonolência no início da tarde. Uma sesta (10 a 20 minutos, no máximo) será benéfica para regular os ritmos de sono.
Se comer um prato vegetariano, a melhor combinação nutricional será uma mistura de cereais e leguminosas, em especial por serem boas fontes de proteína.
Seria contraproducente satisfazer os seus apetites fora de horas com alimentos açucarados e gordos da máquina de venda automática do escritório! Mais vale optar por uma peça de fruta ou um pouco de chocolate negro, nozes e amêndoas, que fornecem ao cérebro a glicose e os ácidos gordos de que necessita para funcionar.
Uma refeição noturna muito próxima da hora de se deitar pode perturbar o sono, porque o organismo ainda está ocupado a digerir, em vez de relaxar e se preparar para dormir melhor. A digestão provoca um aumento da temperatura corporal, em especial se a refeição for rica em proteínas e gorduras (lípidos). Pelo contrário, o corpo precisa de baixar a sua temperatura interior para se preparar para o sono. É por isso que é uma boa ideia jantar 2 a 3 horas antes de se deitar. Desse modo, limitará a possibilidade dos despertares noturnos.
Os hidratos de carbono com baixo índice glicémico fornecem triptofano, um precursor da serotonina. Além disso, o seu consumo tem como efeito causar um pico de insulina, que mobiliza os aminoácidos, mas não o triptofano. Livre destes aminoácidos ditos "rivais", o triptofano pode atravessar mais facilmente a barreira hematoencefálica e fazer com que consiga dormir melhor.
Por outro lado, uma refeição proteica fornece ao organismo outro aminoácido: a tirosina, que participa na síntese da dopamina – a hormona do estado de vigília.
As frutas fornecem água, que ajuda na hidratação, e têm também fibras, que regulam o trânsito intestinal e os níveis de açúcar no sangue. Por outro lado, os citrinos são suscetíveis de provocar acidez, enquanto os frutos com pequenas grainhas ou sementes (kiwis, morangos, etc.) podem irritar os intestinos sensíveis. A fruta rainha do jantar será a banana, rica em triptofano, potássio e vitamina B6. Os frutos secos, que são muito ricos em açúcares, devem ser evitados, assim como frutas muito ricas em água e diuréticos, como melão ou a melancia.